quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Diálogo Existente entre o Barraco e a Contemporaneidade

*A primeira estrofe da música é parte do poema homônimo de Gregório de Matos.
Triste Bahia, oh, quão dessemelhante estás
E estou do nosso antigo estado
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado
Rico te vejo eu, já tu a mim abundante
Triste Bahia, oh, quão dessemelhante
A ti tocou-te a máquina mercante
Quem tua larga barra tem entrado
A mim vem me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto negociante
Triste, oh, quão dessemelhante, triste...
Pastinha já foi à África
Pastinha já foi à África
Pra mostrar capoeira do Brasil
Eu já vivo tão cansado
De viver aqui na Terra
Minha mãe, eu vou pra lua
Eu mais a minha mulher
Vamos fazer um ranchinho
Tudo feito de sapê, minha mãe eu vou pra lua
E seja o que Deus quiser
Triste, oh, quão dessemelhante
Ê, ô, galo canta
O galo cantou, camará
Ê, cocorocô, ô cocorocô, camará
Ê, vamo-nos embora, ê vamo-nos embora camará
Ê, pelo mundo afora, ê pelo mundo afora camará
Ê, triste Bahia, ê triste Bahia, camará
Bandeira branca enfiada em pau forte
Afoxé leî, leî, leô
Bandeira branca, bandeira branca enfiada em pau forte
O vapor da cachoeira não navega mais no mar
Triste recôncavo, oh, quão dessemelhante
Maria pegue o mato é hora, arriba a saia e vamo-nos embora
Pé dentro, pé fora, quem tiver pé pequeno vai embora
Oh, virgem mãe puríssima
Bandeira branca enfiada em pau forte
Trago no peito a estrela do norte
Bandeira branca enfiada em pau forte
ANÁLISE DA MÚSICA:

O eu-lírico olha pra Bahia e fica desolado ao se dar conta das
transformações sofridas por ele e, principalmente, pelo Estado. Nos dois
últimos versos da primeira estrofe, não há uma reflexão sobre o estado
psicológico ou amoroso ou físico sobre os estados do eu-lírico e da
Bahia e sim a queixa é de caráter marcadamente econômico.Note os
adjetivos substantivados pobre/rico/abundante.
Na segunda estrofe prevalece o aspecto puramente mercantilista para
caracterizar a situação em que o homem e sua terra natal estão:
ambos se vendem ou fazem negociações financeiro-mercantilistas.

Nenhum comentário: