quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Padre Antonio Vieira


Antonio Vieira nasceu em Lisboa, mas ainda menino veio com os pais para a Bahia, onde estudou no colégio dos jesuítas.
Os sermões escritos pelo Padre Antonio Vieira ficaram famosos pelo uso da retórica e pela argumentação engenhosa. O domínio das palavras garantiu a entrada do jesuíta Antonio nas cortes mais importantes da Europa e influência junto ao rei de Portugal. Porém essa mesma habilidade o tornou vítima da perseguição pelo Tribunal do Santo Ofício. O fato, é que Vieira, assim como muitos portugueses, acreditava na volta de D.Sebastião, o rei desaparecido durante uma Batalha no Norte da África, ele acreditava que com a volta de D.Sebastião, Portugal poderia voltar a ser “grande país” que era antes, e até tornar-se o Quinto Império. Porém, essa crença era contraditória ao catolicismo. O Padre não poderia acreditar na volta do “Messias Sebastião” e que Jesus era o Messias e já havia voltado. O Tribunal do Santo Ofício passou a entender que Antonio não era católico, e sim judeu. Por isso lhe mandaram a carta e o julgaram.
Eis um fragmento de um sermão do Pe Antonio, exemplo da corrente conceptista:
"Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos, como o de Jacob, nunca chega à idade de uso da razão. Usar de razão e amar, são duas cousas que não se juntam. A alma de um menino que vem a ser? Uma vontade com afetos e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor, quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo. Por isso os mesmos pintores do amor lhe vendaram os olhos. E como o primeiro efeito ou a última disposição do amor, é cegar o entendimento, daqui vem que isto que vulgarmente se chama amor tem mais partes de ignorância; e quantas partes tem de ignorância, tantas lhe faltam de amor. Quem ama porque conhece, é amante; quem ama porque ignora é néscio. Assim como a ignorância na ofensa diminui o delito, assim no amor diminui o merecimento. Quem, ignorando, ofendeu, em rigor não é delinquente; quem, ignorando, amou, em rigor não é amante".
(Vieira, A. Sermão do Mandato, 1645)

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